Desejamos a você uma vida cheia de sentido!

O livro da filósofa Barbara Cassin, La Nostalgie: quand donc est-on chez soi ?, lançado em 2013, saiu traduzido em português em setembro de 2024 (A Nostalgia: quando, afinal, estamos em casa?). Em um tempo no qual as relações entre pátria e língua materna estão em movimento com o grande fluxo migratório no mundo, a filósofa francesa procura compreender o sentido da palavra nostalgia que para ela tem duas faces: enraizamento e errância. Buscando nas fontes literárias gregas dos personagens Ulisses e Eneias, e também na filosofia de Hannah Arendt, ela propõe fazer da nostalgia uma aventura “que nos conduza na direção de um pensamento mais amplo, mais acolhedor, de uma visão do mundo desprovida de todos os pertencimentos”.

Ao falar de nostalgia, não há como não pensar na palavra saudade e nessa sensação de perda que a distância de um lugar de acolhida pode trazer. Um sentimento que tem muito a ver com a nossa língua materna. No entanto, no livro, Cassin desconstrói essa associação a partir da também filósofa Hannah Arendt, cuja língua materna, o alemão, estava associada então aos horrores do nazismo. Para Arendt, porém, a língua não está enraizada em um povo. Essa dissociação entre língua e povo permite não somente salvar a língua, mas também a preocupação da pluralidade humana. Portanto, uma essência vacilante estaria na base de um mundo mais plural.

Mas você deve estar se perguntando, o que isso tem a ver com o ensino do francês? Tudo. Às vezes pensamos que a nossa língua materna é a que nos define. De certa forma, sim, porém, não totalmente. Quando aprendemos uma nova língua, nos voltamos para o nosso próprio idioma com novos olhos, afinal esse aprendizado é como uma chave que abre para um universo novo, para uma nova forma de pensar, para outras culturas. A saudade então do que é nosso pode ser revisitada, a nostalgia pode dar lugar a essa pluralidade humana e, assim, dar mais sentido a nossa vida, construindo novas possibilidades de ver e viver o mundo.

Aprender um novo idioma é como se abrir para o novo, para o outro, traz um novo sentido para as nossas experiências, pois, nos mostra como somos diversos. Assim, aquela nostalgia, aquela saudade, pode se transformar em algo novo, em um encontro com muitos outros mundos.

É isso que a Percursos deseja para você: que 2025 possa ser um ano de mais descobertas, mais experiências e propomos que você comece a dar um novo sentido para sua vida com a gente.

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