O Macron errou ao falar com Lula?

Recentemente, o vídeo de uma conversa breve entre o Presidente da França, Emmanuel Macron, e o presidente eleito do Brasil, Lula, chamou a  atenção de quem conhece um pouco de francês. Durante a ligação, o líder francês usou o “toi” para se dirigir ao vencedor das eleições no Brasil. O termo em francês é referente ao nosso “você”, algo que por lá é considerado extremamente informal e usado somente em conversas entre pessoas próximas.

No caso da conversa entre os políticos, o esperado era que Macron utilizasse o pronome de tratamento “vous”, considerado formal. O termo é utilizado para marcar polidez, distanciamento ou cerimônia. Pode ser traduzido como: o senhor, a senhora e deve ser utilizado com desconhecidos, pessoas idosas e no ambiente de trabalho.

A forma como a conversa foi conduzida por Macron chamou a atenção não só dos estudiosos do idioma, como de adversários políticos. A líder da oposição, Marine Le Pen, criticou a quebra do protocolo linguístico e chegou a sugerir, em uma postagem no twitter, a falta de interesse da defesa da política internacional.

A polêmica teve motivo?

Sim e não. Talvez a conversa não precisasse ser tratada como um incidente diplomático ou motivo para desavenças políticas, mas o fato é que, na França, protocolos são levados muito a sério. Inclusive os linguísticos.

A França é considerada um país sofisticado e com uma vasta cultura, que inspirou países por todo o mundo. Ao longo dos séculos, a cultura francesa tem presenteado o mundo todo com conhecimento, direitos civis, arte, elegância, charme e muito requinte. O próprio idioma já foi considerado o mais importante dentre as elites da monarquia ocidental, até o início do século XX.

Nesse cenário a informalidade chama atenção e cria estranhamento, mas sem ser uma quebra diplomática ou motivo para rompimentos entre países. No caso do Brasil, os brasileiros inclusive adoram uma informalidade e não seguem muito os protocolos, né?

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